domingo, 26 de agosto de 2007

O encontro marcado

Estava mexendo em minha caixa de cartas, cartões, quando encontrei as cartas do Fernando. Me deu uma saudade tão imensa dele, do que ele escrevia (embora odiasse responder cartas), de seu humor fino, suas observações críticas, seu jeito de falar, que sempre repetia: ‘Nunca exija das pessoas o que elas não podem dar’.

A, querido Fernando, como você era lindo, feliz, pleno! Como faz falta a esse mundo!!! Lembro quando li pela primeira vez O encontro marcado, como aquele livro me encheu, me alargou, instigou, me fez ter um outro olhar para a vida... Na impetuosidade de meus 15 anos, escrevi para aquela autor, que (glória de minha vida!) responde à carta!

E assim se inicia uma correspondência de quase 6 anos, que só veio ter fim com sua morte: lembro de minha cartas, comentando alguns livros, contos, de suas respostas, de livros que ele mandava com dedicatórias repletas de bom humor e afeto...

Devo a Fernando muito do que sou hoje... Devo àquele que nasceu homem e morreu menino o privilégio de ter tido essa amizade que me foi – e é – tão importante, e a gratidão por ter me mostrado ‘o que é’ literatura.

Te amo pra sempre.

“No fim dá tudo certo, se não deu, é porque não chegou ao fim”.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Recife


Recife... Com suas praças e pontes, com sua gente e música, com seus rios, edifícios, alegria, cultura, belezas...

Recife... quanto mais vejo, mas amo, admiro, quero!!! Por mais que eu queira viajar,por mais que eu queira partir, quero acima de tudo, voltar.

Recife é minha referência de vida, alegria, beleza... O Recife Antigo é onde eu quero ir com as amigas, a praia de Boa Viagem é para passar as tardes de sábado com Courtney tomando cerveja e bebendo caldinhos, jogando conversa fora... O Parque Treze de Maio é para recordar a infância e levar meu Pedrinho, para daqui a alguns anos ele ter o que recordar... As pontes? Para passear à toa com Bel, Rafa, Jane, Angélica ou Lu (ou todas juntas), para rir, contar, gargalhar...

Recife! Tão pouco, difícil te definir... Talvez a melhor definição é aquela em que falei, naquela noite de 31 de dezembro àquela americana louca: Aqui, a gente sabe ser feliz.



Admito: eu tenho a alma e a cara dessa cidade.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Sonhos

O homem atrás do bigode
É sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos.
O homem atrás dos óculos e do bigode.
(...)
Meu Deus, por que me abandonaste
Se sabias que eu não era Deus,
Se sabias que eu era fraco.
Drumonnd
(Como seu Drumonnd sabe me definir, meu deus!!)
Eu te digo: estou tentando captar a quarta dimensão do instante-já que de tão fugidio não é mais porque agora tornou-se um novo instante - Já que também não é mais. Cada coisa tem um instante em que ela é. Quero apossar-me do é da coisa... Quero possuir os átomos do tempo. E quero capturar o presente que pela sua própria natureza me é interdito: o presente me foge, a atualidade me escapa, a atualidade sou eu sempre no já.
Clarice Lispector
(Quero beber a vida, a goles, a copos, a garrafadas...)
Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece
O lago nada me diz
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo
Trêmulos vincos risonhos
Na água adormecida
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?
Fernando Pessoa
(E por que ainda vivo fazendo desses sonhos minha vida? Por que preciso deles para viver, crêr, existir? Em que parte de mim sou eu, e são eles? Nós nos complementamos...? Como faço para separá-los da 'realidade'...? Serei eu uma mera imagem de meus sonhos...? Ou só me tornarei autêntica na medida em que me tornar o que desejo ser...?)
...

domingo, 19 de agosto de 2007

No Ônibus


Imaginem a cena: Agamenon Magalhães. Congestionamente de mais de uma hora. Calor. Cansada e esfomeada depois de um dia inteiro de trabalho. O fulano sentado ao seu lado quase deitando em cima de seu colo. Impaciência misturada com raiva misturada com chatice aguda da sicrana em questão.
De repente, não mais que de repente, o ônibus anda alguns metros, sai daquele inferno, cruza rápido o viaduto da Joana Bezerra. Uma das grandes paixões da vida dela (vento no rosto), a sauda, e ela olha para o belo rio abaixo do viaduto.
Daí vem aquela sensação por ela conhecida, sensação de alegria interior misturada com paz de espírito, misturada com satisfação: 'Mas eu estou viva', ela pensa, 'Na verdade, isso é o que importa'.
=)

sábado, 18 de agosto de 2007

Sobre o inferno

Faz tanto frio aqui em Candeias que ultimamente estou com uma idéia fixa:
O inferno não deve ser esse mar de chamas que a galera fala, não. Deve ser frio, pegajoso, úmido, com essa umidade que dói os ossos...
Nessas noites que o vento não para de gritar, parece que do meu cérebro brotam cogumelos.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Cartas

Adoro receber cartas, cartões... sempre me pareceram sentimentos de amor, amizade, afeto, alegria, tudo isso e um pouco mais, declarados, confessos e guardados.

Inclusive, se a pessoa um dia deixar de sentir aquilo por mim, tenho um trunfo: "Aqui está meu velho! Já foste meu (a)!!! Agora me esqueceste, ñ é?? Mas já foste meu!!!" - Sim, tal como o Cebolinha, tenho planos de conquistar a rua (no meu caso, o mundo).

Bem, mas voltando às cartas, acho tão sedutora e carinhosa a idéia de que alguém parou alguns momentos e lá estava pensando em mim, no que escrever, no que contar... Sempre gostei de cartas longas, pq me passavam a sensação de mais pensamentos, sentimentos, emoções... até receber postais de amigos que estão do outro lado do mundo, literalmente: em Israel.

Passei um tempão vendo as imagens, lendo e relendo as mensagens, curtas, mas repletas de carinho e significados, igualmente: Bastava saber que, ao visitar um lugar bonito, alguém pensou em você. Poderia ter pensado em dezenas de coisas. Mas pensou em você.

Minha via-láctea

Comecei há pouco a pensar nas pessoas de minha vida. Lembrei de gente que na verdade nunca esqueci, de amigas (na época) inseparáveis e que hoje não vejo mais... Mas são pessoas que tornaram minha vida mais feliz, interessante, confortável, instigante: Sabe aquela amiga que sabe o que pensamos só ao nos olhar? Ou aquela que tem 'a palavra certa' no momento certo? E aquela outra que topa todas as aventuras, palhaçadas?? Ou aquela que nos diz a verdade, mesmo que doa, pq sabe que a gente tá fazendo merda??
Pois é: sou uma privilegiada pela vida, pois tenho - e tive - sempre pessoas assim ao meu lado, e com outras tantas características que não dariam nem para contar aqui. Características inclusive que não dão nem para explicar, as palavras não apreendem, é como um acidente de trem: só sentindo para saber. Tenho muito o que agradecer à vida, mas acima de tudo, tenho pessoas comigo que me bastariam, mesmo que eu ñ tivesse tanto a agradecer. Porque cada vez mais me convenço que a minha vida vale a pena de ser vivida assim - com as pessoas que amo. Elas me fazem feliz.
E olhe que outro aspecto (inato) meu é: eu gosto de gente! Eu acredito nas pessoas com uma ingenuidade boba, que por sinal já me fez sofrer um tanto, mas sempre serve para a gente aprender, né?! Aprender até que não é pq alguém nos fez sofrer que a gente tem que desacreditar nas outras pessoas, até pq ng deve pagar pelo erro que outro nos cometeu.
Afe, isso tá com cara de auto-ajuda! que merda!!! (Odeio auto-ajuda...). É melhor eu deixar claro então outro ponto meu, que é impressionante: Por que eu atraio pessoas que nem sequer gostam de mim?? Isso já me fez refletir bastante... por que, por que...?
Também já perdi muita gente em minha vida. Gente importante para mim, e que perdi por bobagem, por preguiça em manter contato, por egoísmo... resolvi então tentar fazer diariamente o que o velho Drummond aconselhava - não dar às pessoas uma carga maior do que elas podem carregar. E aproveitar a essência de cada momento com alguém que amo, já que a vida é feita dessa essência, desses pequenos momentos, não de feitos grandiosos (ou será que o grandioso é isso que tem de pequeno, de suave, de efêmero...?)
E cada vez acredito mais que mesmo aquelas pessoas que passaram foram (e são) importantes: não consigo crêr em idéias que dizem que 'amigo tem que ser assim', pq acho que cada pessoa é única, é importante, mas que pela própria vida - que segue, e como segue! - a gente às vezes acaba se perdendo; Mas como é bom encontrar um amigo que a gente não vê a muito tempo e lembrar do que vivemos, do quanto aquela pessoa foi importante, dos momentos que curtimos...
Acho que é isso: são pessoas que vêm para tornar nossa vida mais interessante, já que esse conjunto de poeira forma a via-láctea, que somos todos nós.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

nesse momento...

É, mas eu não posso deixar de pensar também nos reféns sul-coreanos que estão no Afeganistão.

Mafalda está certa: nem precisa de comentários, né?...


1ª vez

Sim, é a primeira vez que faço um blog... e já me pergunto: p/ quê fazer um blog?! Com uma dissertação para escrever... uma dúzia de trabalhos para colocar em dia... e racionalmente sei de tudo isso, mas estou aqui escrevendo.

Talvez seja porque há 4 dias atrás resolvi queimar meus diários, agendas que eu escrevia, contava meu dia-a-dia, me contava para mim mesma... naquela época, eu tinha um medo IMENSO de que alguém lesse tudo aquilo que eu contava: as angústias por 'aquele' garoto não te me notado; as palhaçadas com as amigas inseparáveis; as eternas brigas -e pior- indiferença com minha mãe... tudo o que eu vivia e o que eu queria viver. Isso de agendas dos 12-15 anos... as dos 16-22 não tive coragem ainda.

E não foi um ropante de loucura, ñ: foi algo pensado, calculado e feito. Se me arrependo? não sei... parece que perdi algo meu quando queimei aqueles diários, da menina que fui, do que sonhei... Mas era algo que eu sentia que tinha que fazer. Estranho, né?! E aqui estou eu contando tudo isso, eu que tinha medo que lessem o que escrevo, mas sinto também que é importante fazer isso aqui. Escrever isso aqui. Sei lá. Dá para entender?!

Estou agora sentindo saudades do que vivi, mas também do que não vivi... E eu preciso escrever. É isso. Só.